quinta-feira, 8 de maio de 2014

Compulsão


"Com-pul-são: s.f. Ação ou efeito de compelir.
Exigência interna que faz com que o indivíduo seja levado a realizar certa coisa, a agir de determinada forma, etc. Compulsões. Do latim: compulsio.onis."

Pensando e martelando ultimamente cheguei a uma infeliz (mas verdadeira) conclusão sobre esse tal produto que distribuem por aí, fazendo propagandas enganosas enquanto nós, meros seres sedentos pelo elixir da "felicidade eterna", caímos nesta façanha como coelhos atraídos pela trilha de cenouras e capturados de repente na cesta do caçador. Esse produto cuja habilidade é totalmente implícita. Esse tal de amor.
O amor é como as químicas e drogas que vemos e evitamos por aí... Ou talvez não, ele é pior. O amor é pior que a nicotina e outras químicas, pior que a cocaína, pior que a heroína: ele não vem com um aviso de perigo na embalagem, dizendo que você estará em risco se usá-lo. As pessoas não fazem campanhas para advertí-lo que não faz bem para a saúde, os efeitos e consequências que o mesmo causa. Você não tem a plena consciência de que, desde a primeira dosagem, a dependência começa a correr por suas veias e depois de um certo tempo você se encontra jogado ao chão frio, ansiando por mais uma dose, mais um pouquinho, mesmo sabendo que está acabando consigo, e sem mais nada sobrando exceto o vício e a auto-destruição.
O amor é a droga da minha droga, o amor me consome e me debilita. Ele não é leve, ele é pesado. Ele é a cruz que eu carrego sob as minhas costas, cujo peso é mil vezes mais do que minha capacidade suporta. Eu arranho as paredes, eu me encolho de dor, eu não durmo à noite. E quando penso nisso, me pego em desespero por tudo o que me causou, e por onde cheguei. Me desespero por sentir, por sentir desse jeito, por sentir tanto assim, mais que tudo, com todos os meus órgãos, com cada célula, centímetro ou átomo do meu corpo, do meu ser. Eu não me sinto mais completa, sinto que estou transbordando... E eu estou me afogando nesse mar de destruição.
Enquanto isso acontece, nosso filme continua rodando e rodando, repetindo cada palavra e cada toque, e eu assisto mesmo contra a minha vontade, mesmo quando o que desejo era queimar tudo ali.
É assustador o que tudo isso se tornou, e eu não posso largar - simplesmente não posso.
Já vendi tudo o que eu tinha para pagar minha dívida com o amor, mas o problema aqui é que não tenho mais nada a oferecer, tudo o que me sobrara é sentir - a droga do sentir. Essa droga que é sentir. Essa droga que é estar perto. Essa droga que é estar longe.

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