segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Obscura
A vi sofrer. A vi sangrar.
Sentia-se um monstro. Uma espécie de criatura horripilante, uma não-humana.
Vi a cor sublime do sangue. O vermelho vivo.
Seria o sangramento interno ou externo?
Não sei dizer ao certo.
Ela era cortada por dentro. Uma dor que senti junto à ela.
O mundo era cruel. Ela era apenas uma criança.
A vi crescer. Cresceu junto aos ferimentos. Cresceu ao lado da dor.
Hoje vejo o que ela se tornou.
Ela está forte. Lida com a dor como se fosse uma amiga íntima.
Ela é fria. Sua frieza é uma barreira. Um impedimento aos sentimentos.
Ela não quer dar lugar à eles. Eles a machucaram. Eles causaram aquilo tudo.
Mágoa.
Seria ela?
Assisti seus sofrimentos.
Hoje vivo em seu lugar. Ela está em alguma parte de mim.
Bem no fundo.
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Ah, eu sei que sempre soa clichê mas parece até que você me descreveu agora, colega. Assim, eu prefiro pensar que nunca sofri, mas não sou tonta o suficiente pra realmente acreditar que toda essa mudança na minha personalidade veio do nada. Enfim, belíssimo texto, de verdade.
ResponderExcluirObrigada Nathália. Sinto-me honrada por ter se identificado. Bem, no meu caso, são meus sofrimentos antigos e atuais que me impulsionam a escrever, me dão motivos para fazê-lo. Meu lado inseguro e fraco fica por dentro, escondido. E obrigada denovo!
ResponderExcluirFico pasmo, como você consegue descrever a dor.
ResponderExcluirÉ o único elo que temos com a realidade, sem dor não haveria a certeza de que estamos vivos.
Eu preferia viver no incerto!!!
Parabens, você sempre me surpreende.
Te amo.
Zé
Concordo plenamente, Zé.
ResponderExcluirObrigada, de verdade.
Te amo.