domingo, 6 de outubro de 2013

Rio da Melancolia


Sorriu com as cores vivas nas ruas sinuosas, engoliu seus biscoitos e agarrou a mão estendida ao lado. Observou um rio nascendo logo abaixo do sol, e esse tornou-se seu lugar favorito. Sentiu o calor no rosto, e cantarolou uma música de verão enquanto observava os galhos das árvores, porque isso era o que estava em toda parte.

Despediram-se as estações. Não dormiu à noite, porque estava escuro e não entravam mais para contar-lhe histórias, e os gritos entravam em seu lugar. Da janela de seu quarto, avistou seu rio correndo perto da porta. Cobriu os ouvidos com as mãos e sussurrou para não ter medo, pois era isso o que estava em toda parte.

Piscou os olhos ao som de sua canção favorita, tentou lutar contra as lágrimas - havia prometido a si não mais ceder. Seus pés não cabiam mais no colchão úmido. E gritou com a tristeza, porque era o que estava em toda parte.

Pôs para repetir seu disco dos Smiths, mas os quadros continuaram se movendo e as paredes giravam e dançavam. No entanto, tudo o que mais queria era não pensar sobre isso. Apanhou seus cigarros e fumou sua solidão, pois era o que estava por toda parte.

Após uma furiosa tempestade, seu rio emergiu. E inundou sua casa, seu quarto, sua vida. Mas ele não sabia como fazer suas pernas mergulhadas nadarem para fora das profundezas. E afogou-se... 
No Rio da Melancolia. Porque agora era o que estava em toda parte.

2 comentários:

Dê sua opinião.